11 abril 2011

PURUSHA



usa a terra para sentir firmeza
usa o ar para sentir leveza
usa o fogo para destruir
usa a água para purificar
usa o éter para conhecer
usa o que não foi usado
para no uso ser revelado

25 setembro 2010

Amor Platónico

Eu desejo tanto, tantas e tenho tão pouco

Questiono-me onde guardo este desejo

se no fim terá alguma utilidade

se valeu de algo

desejar, apreciar,

encher o meu coração com ilusão

ou será real de alguma forma o meu sentir

Será que elas também sentem?

Parece-me que sim!

E se sentem, onde termina o sentimento?

Para quem serve? A quem serve?

Será que o meu coração fica mais só?

Ou talvez não.

Talvez o sentir nos encha em qualquer dimensão

a dimensão de Platão

que transcende a mente e a razão

e molda os amantes e os enche de pura emoção

Se vale de algo?

Estou para descobrir, tal com Platão…

A medida do desejo

De novo refugiado na multidão

envolvido pela música

protegido da emoção

do meu quotidiano sempre igual

cheio de coisas boas e más

de pessoas que me amam

e de poucas que me odeiam

cheio de sonhos e desilusões

vazio do amor dos amantes

pelo menos na minha cama

Estou certo que desperto paixões

mas adormeço sozinho

fico deslumbrado com a beleza....

As mulheres enchem-me as medidas do desejo

Desejo pelo menos uma por dia

São tantos os desejos

que me tornei um profissional do desejo

desejo profissionalmente

mas liberto-me inevitavelmente

e continuo a adormecer sozinho…

Enfim só

Merecerei esta solidão?

Ou nunca aprendi a fugir dela?

As crianças procuram-me como um porto de abrigo

Os amigos esquecem-me com facilidade

As mulheres, essas, desconhecem-me…

e quando me conhecem, gostam de mim

até me conhecerem melhor

depois odeiam-me… até muito tempo passado

me amarem e me odiarem simultaneamente

Que ser estranho eu sou…

Fadado à incompreensão

ao isolamento e insatisfação

E os deuses sem fado

troçam de mim

por ter ousado ser

livre sem fim…

Jardim das necessidades

Sozinho no Jardim das Necessidades

Centenas de pessoas lindas à minha volta

E continuo sozinho…

As crianças encantam-me, alegram-me o espírito

quase despido de sonhos e ilusões

Põem-se o sol e deixa em mim a sombra

do homem que poderia ter sido

mas não fui…

Ser quem sou e não quem poderia ser

ou gostaria de ter sido

Big fuking chalange

Sem mãe para me embalar

ou pai para me apoiar

com um filho maior que eu para inspirar

Sem mulher que me ature

ou amigos para me distrair

È na solidão que encontro o panteão

em que a milha alma chora silenciosa

Amor perfeito

De férias, fecho a porta do trabalho

Abro a porta do coração

Encontro solidão, medo, desespero

Não reconheço o meu coração

Devia estar cheio de amor

De realizações, de liberdade

Fujo das tentações que desejo

Deixo o desejo sempre tentado

Continuo sozinho sem gosto

Gostaria de saber estar sozinho!

Procuro sempre o outro

Sem o qual não tenho interesse

Interesso ao outro e não a mim mesmo

Gosto de mim, mas

Não gosto de mim quando estou só

Fujo do amor em busca do amor perfeito

E continuo só

Encontro o amor que se esgota

por ser imperfeito fico só

Gostaria de encontrar o amor que me completa

Neste mundo complexo que sou eternamente...

23 julho 2010

Dor, solidão e liberdade


Ao serviço da dor
que esconde a verdade
como exército do Amor
buscam a liberdade

Ser livre é mais uma miragem
criada por um ser cansado da viajem
paro quando não posso mais caminhar
e em mim encontro a luz que me faz brilhar

Brilho para os outros
através do meu olhar
qual mercúrio derramado
em busca de se encontrar

É só no seio da dor
que acorda o escritor
escreve para não doer
ama para perder

A velhice apavora-me
Sou jovem por Natureza
A Natureza envelhece
o jovem que nunca fui

Aos 10 perdi o lar
aos 18 fui Pai
aos 30 perdi a Mãe
aos 40 o que serei?

Faço quadras
para me enquadrar
Faço amor
para me aprisionar

O amor é uma prisão
que limita o coração
A dor...
Carrego o mundo nas costas
como Atlas não tenho escolha
como Zeus não tenho destino
como Neptuno não tenho
O amor para amar
ou o Mar para namorar
O que tenho é só um sonho
uma doce ilusão
Dum beijo salgado que me desperte
e liberte da dor de não poder ser


14 maio 2008

Na Boca do Inferno


Depois da tempestade
nada fica como dantes

No Mar
as grandes vagas varrem o azul escuro
como crinas brancas a galope sem parar

O som da água na rocha
O som da rocha em mim

Sobem as vagas pela rocha
Elevam-se nos céus como nuvens

Instantâneas... dinâmicas
Desenhando formas levadas ao vento

E os salpicos caem, rendidos à beleza
Como beijos

Milhões de beijos húmidos na Boca do Inferno

01 junho 2006

O meu caminho



Agora que o Amor voltou a ser fogo em mim
acende-se o sonho de chegar ao fim
no meio vivo intensamente cada momento
por vezes incrédulo
mas confiante, tranquilo e alegre

Com os olhos da alma
despertos pela luz do carinho
eu procuro o meu caminho
que se vai desenhando devagarinho
e como criança pergunto
"ainda falta muito para chegar"

tenho um sonho
que pulsa no meu intimo
quero ser um portal
que permeia o conhecimento dos antigos
e o torna útil à evolução...agora

O meu Amor faz-me sonhar
e acreditar que o meu lugar está lá
à minha espera
e que o meu caminho
defino com cada escolha que faço hoje

Fico mais sereno e concentro-me
e sinto o fluxo dos eventos
receptivo e atento à linguagem do Universo
e escuto baixinho
um mermúrio como o som do Mar
trazido pelo vento do pensamento
que me faz vibrar

E no meu intimo volto a aceitar
que cada encruzilhada
cada tropeçadela
cada grito ou gargalhada
cada lágrima derramada
são como estrelas cintilantes na escridão
iluminando cada decisão
traçando um mapa da minha alma
que se revela como uma virgem apaixonada

Caminho sorrindo
com os pés na Terra
e a cabeça para lá das nuvens
e lembro o olhar de quem amo
que enche todo o espaço intermédio
Estou feliz por caminhar no meu caminho

Obrigado Universo
Usa-me...sou teu!

20 maio 2006

O poder de ser


O poder da magia
ou a magia do poder

O meu insenso em brasa
perfuma a minha pele
que é a minha armadura

a minha mente é a espada aguçada
que desbrava as trevas do inconsciente

e ilumina-se o ser interior...
reflectindo o brilho ofuscante
da lâmina afiada

Nasce a aurora do conhecimento
brotam as flores do solo
carente de luz e energia

brilham as formas rochosas
estáticas desde a origem
mães da dinâmica
que engendra o Universo

18 maio 2006

A menina da Lua


Perdido num sentimento
que me afogava o coração
já sem força para lutar
nem vontade de chorar

exaltei um pensamento
estendi os braços para a Lua
cheia de luz naquele momento
e pedi para ser amado...

Com um raio de Lua
uma bela menina se vestiu
olhou para mim e sorriu
encantou-me com a alma nua

beijou-me
como quem beija pela primeira vez
com um olhar envergonhado
e um toque delicado

tocou o meu coração
com o calor dum abraço
sentido, puro e desejado

renasci num dia de Luar
agora sou novo
muito novo

encontro-me outra vez
nas suas palavras doces
no entusiasmo dos sonhos
e dos gostos que partilhamos
nos limites do tempo
que se cuvou para nos juntar

Obrigado menina da Lua
por me fazeres sorrir
com o brilho do teu olhar