25 setembro 2010

Amor Platónico

Eu desejo tanto, tantas e tenho tão pouco

Questiono-me onde guardo este desejo

se no fim terá alguma utilidade

se valeu de algo

desejar, apreciar,

encher o meu coração com ilusão

ou será real de alguma forma o meu sentir

Será que elas também sentem?

Parece-me que sim!

E se sentem, onde termina o sentimento?

Para quem serve? A quem serve?

Será que o meu coração fica mais só?

Ou talvez não.

Talvez o sentir nos encha em qualquer dimensão

a dimensão de Platão

que transcende a mente e a razão

e molda os amantes e os enche de pura emoção

Se vale de algo?

Estou para descobrir, tal com Platão…

A medida do desejo

De novo refugiado na multidão

envolvido pela música

protegido da emoção

do meu quotidiano sempre igual

cheio de coisas boas e más

de pessoas que me amam

e de poucas que me odeiam

cheio de sonhos e desilusões

vazio do amor dos amantes

pelo menos na minha cama

Estou certo que desperto paixões

mas adormeço sozinho

fico deslumbrado com a beleza....

As mulheres enchem-me as medidas do desejo

Desejo pelo menos uma por dia

São tantos os desejos

que me tornei um profissional do desejo

desejo profissionalmente

mas liberto-me inevitavelmente

e continuo a adormecer sozinho…

Enfim só

Merecerei esta solidão?

Ou nunca aprendi a fugir dela?

As crianças procuram-me como um porto de abrigo

Os amigos esquecem-me com facilidade

As mulheres, essas, desconhecem-me…

e quando me conhecem, gostam de mim

até me conhecerem melhor

depois odeiam-me… até muito tempo passado

me amarem e me odiarem simultaneamente

Que ser estranho eu sou…

Fadado à incompreensão

ao isolamento e insatisfação

E os deuses sem fado

troçam de mim

por ter ousado ser

livre sem fim…

Jardim das necessidades

Sozinho no Jardim das Necessidades

Centenas de pessoas lindas à minha volta

E continuo sozinho…

As crianças encantam-me, alegram-me o espírito

quase despido de sonhos e ilusões

Põem-se o sol e deixa em mim a sombra

do homem que poderia ter sido

mas não fui…

Ser quem sou e não quem poderia ser

ou gostaria de ter sido

Big fuking chalange

Sem mãe para me embalar

ou pai para me apoiar

com um filho maior que eu para inspirar

Sem mulher que me ature

ou amigos para me distrair

È na solidão que encontro o panteão

em que a milha alma chora silenciosa

Amor perfeito

De férias, fecho a porta do trabalho

Abro a porta do coração

Encontro solidão, medo, desespero

Não reconheço o meu coração

Devia estar cheio de amor

De realizações, de liberdade

Fujo das tentações que desejo

Deixo o desejo sempre tentado

Continuo sozinho sem gosto

Gostaria de saber estar sozinho!

Procuro sempre o outro

Sem o qual não tenho interesse

Interesso ao outro e não a mim mesmo

Gosto de mim, mas

Não gosto de mim quando estou só

Fujo do amor em busca do amor perfeito

E continuo só

Encontro o amor que se esgota

por ser imperfeito fico só

Gostaria de encontrar o amor que me completa

Neste mundo complexo que sou eternamente...